domingo, 10 de abril de 2011

ENTREVISTA

Entrevistado: JOSE DO CARMO DIAS
Profissão: ENGENHEIRO CIVIL E ATUAL SECRETARIO DE INFRAESTRUTURA DO MUNICIPIO DE BETIM-MG.
1.       Em que consiste os estudos técnicos que analisam os impactos ocasionados com a implantação de viadutos?
R- Normalmente, viadutos são obras de transposição, criadas para resolver impactos de transposições viárias, ou seja, travessias sobre rios, vales, ferrovias, cruzamentos urbanos sobre vias coletores de grande fluxo de veículos, ou até mesmo para de transito direto em sistema viário de mesmo sentido, como ocorre na linha verde em Belo Horizonte, e outras capitais brasileiras como Rio de Janeiro, são Paulo, Curitiba, Salvador etc. Portanto os impactos a serem observados são de ordem ambiental e urbana. Mas, todavia as obras criadas são para resolver grandes problemas urbanos viários.
2.       Como você avaliaria os viadutos do Brasil sob os aspectos de estética, funcionalidade, mobilidade e sustentabilidade?
R – Cada projeto é elaborado para atender aspectos técnicos importantes para o fim que é projetado, portanto o aspecto visual de cada obra tem tomado importância na analise dos impactos visuais, e até mesmo para tornar a obra como obra de arte a ser apreciada pela população e orgulhar as populações locais pela grandiosidade da obra se tornando verdadeiros monumentos, podemos citar o viaduto em Brasília na capital federal ( Ponte “JK”) que atravessa o lago de capital federal estaiado em cabos de aço, estabilizando a estrutura mista metálica e de concreto. Outro exemplo a citar é a obra recentemente inaugurada na cidade de São Paulo na Av. Salim Farah Maluf,  com estaiamento em cabos de aço afixados em um grande pórtico, com barras de aço, sustentando o tabuleiro do viaduto,  que além de sua funcionalidade, traz uma grande beleza para quem transita no local e orgulho aos cidadãos da cidade, se estabelecendo como um grande monumento. Outras obras são marcadas pela sua funcionalidade resolvendo grande impacto de transito, que o caso das linhas vermelhas e amarela, na cidade do Rio de Janeiro, que são obras conhecidas pela funcionalidade ao transito, mas, porém comum em seu aspecto visual arquitetônico. A sustentabilidade da obra depende do período de tempo em que conseguirá atender os objetivos ao qual foi criado.


3.       Quais os principais aspectos urbanísticos analisados ao se implantar complexos viários?
R - Toda obra arte a ser criada em complexos viários, são projetadas para atender o fluxo de transporte de veículos e pedestres. Para tanto é necessário que se estude a origem e destino dos cidadãos, o impacto ambiental e a solução deste impacto, a possibilidade de criação de pistas separadas para bicicletas e pedestres (Calçadas e ciclovias) a possibilidade de paralelamente aos grandes eixos urbanos a criação de transportes de massa, como VLT (veiculo leve sobre trilhos) ou no caso para grandes capacidades a implantação de metrô. Como também o prazo em que o projeto vai atender o volume e capacidade da via sobre os aspectos econômicos e financeiros da sua implantação, para se tornar viável sobre o ponto de vista econômico à cidade, trazendo economia de tempo aos transeuntes e de combustível para a origem e destino que se pretende alcançar.
4.       A inviabilidade, devido ao alto custo financeiro, é um dos principais fatores analisados ao se projetar viadutos, em que consiste o planejamento orçamentário da obra e quais os órgãos envolvidos?  
R - Os viadutos são projetados para resolver problemas, e tornar a economia local viável, portanto o custo da obra física é o que menos importa, a avaliação principal é o aspecto econômico e financeiro que o viaduto vai resolver, diminuindo percursos e tempo no transporte, que somados ao grande fluxo de veículos e pessoas, geram os aspectos econômicos e financeiros com economia aos usuários.
Porem o custo da obra também é verificado, para avaliar o custo beneficio do empreendimento. Normalmente os viadutos funcionais com geometrias comuns custam da ordem de três a seis mil reais o metro quadrado, a principal variação se deve aos aspectos de fundação e altura da meso estrutura que são os pilares, como também a largura do mesmo. Os órgãos envolvidos são os departamentos de transportes e transito e secretarias de obras e infra-estrutura de estados e municípios.
5.       No estudo de implantação dos complexos viários é avaliada sua compatibilidade com as diretrizes estabelecidas pelo Plano Diretor da cidade? Há uma participação da população para aprovação do mesmo?
R - Viadutos e Túneis são chamados de obras de arte especial. Normalmente não fazem parte de plano diretor de cidade. Quando são requeridos, são para resolver problemas de capacidade de transporte no sistema viário, para a população em geral, portanto tem a aprovação natural da população quando são criados. Os problemas aos quais se submetem normalmente são de natureza local, gerando desapropriações e impacto ao comercio local quando são implantados, gerando o descontentamento de poucos para o conforto geral dos cidadãos das cidades.
6.       Como profissional engenheiro quais as principais vantagens e desvantagens apresentadas pelos complexos viários no Brasil. E em quais aspectos eles se diferem dos projetados no exterior.
R - Como já citado anteriormente, as obras de arte especial como são conhecidos os viadutos tecnicamente, são criados para dar solução a grandes problemas viários e de transporte, diminuindo percurso, tempo e melhoria da economia local, sendo solução para grandes corredores viários no país. O alto custo da obra de um viaduto passa ser problema para muitos países de economias fracas, mas são obras que podem ser financiadas por organismos de fomento internacionais, (BID, BIRD) quando são projetados para soluções da economia de um mundo que cada dia passa a ser mais globalizada. Países com economia fortes, como Estados Unidos, China, Japão, Inglaterra, França, Alemanha, Itália dentre outros, tem mais facilidade na execução destas obras, diria que o Brasil como uma das dez maiores economias do mundo passa a ter nos grandes centros urbanos facilidade na execução de viadutos, porém com menor intensidade que os países mais ricos. Quando são executadas trazem vantagens às economias de estados e municípios, as desvantagens são quando não se viabilizam economicamente e não são executadas, ou quando são executadas sem levar em consideração os aspectos econômicos da população, chamado de obras para atender cunho pessoal de alguns políticos que usam mal o dinheiro público.
7.       Belo Horizonte passa por um intenso processo de desapropriações imobiliárias em função do crescimento de obras públicas. Como é estipulado o valor a ser pago de indenização para as famílias desapropriadas?
R - Hoje a população tem órgãos de proteção como PROCON E MINISTÉRIO PUBLICO, portando as desapropriações são feitas pelo valor real das construções e avaliação dos terrenos pelo custo médio de mercado dos imóveis negociados na área de influência da obra. O cidadão que se sentir lesado em uma avaliação promovida pela prefeitura, recorre á justiça, e a obra é paralisada até que deposite o valor justo determinado pelo  perito oficial requisitado pelo Juiz da Comarca, onde a emissão de posse á prefeitura, só é dada após o deposito judicial da avaliação pericial. Pelas leis atuais o cidadão não é mais prejudicado como já aconteceu no passado, e as indenizações são feitas pelo valor de mercado do imóvel desapropriado.

Um comentário:

  1. De acordo com a entrevista feita com o secretário de infraestrutura de Betim José do Carmo Dias, é possível analisar as obras viárias sob o ponto de vista da engenharia:
    - O principal aspecto para o qual são projetados os viadutos são para a realização de transposição viárias.
    - Apesar de haver uma preocupação por parte dos profissionais em relação à sustentabilidade de viadutos na prática dificilmente isso acontece, as obras são projetadas em sua grande maioria para agradar a um grupo específico, sendo priorizado o transporte individual.
    - Em relação à estética, tem sido muito utilizado como técnica construtiva cabos estaiados para sustentação das pontes, como no caso da ponte JK em Brasília e a ponte na Av. Salim Farah Malufe citada pelo secretário em entrevista. Essa solução apresenta como vantagem a possibilidade de se vencer maiores vãos e uma maior liberação do solo, sendo menos agressiva a paisagem urbana.
    - A sustentabilidade das obras viárias é calculada em função da sua vida útil, que corresponde ao período em que ela conseguirá atender aos objetivos para o qual foi criada, entretanto atualmente essas estruturas urbanas tem sido executadas visando necessidades emergentes ligada ao intenso tráfego de veículos, portanto apresentam uma eficiência a curto prazo.
    - Em relação ao aspecto econômico as obras viárias, a viabilidade é analisada principalmente em função dos problemas que elas conseguem solucionar contribuindo para mobilidade, acessibilidade e agilidade nos trajetos urbanos.
    - As grandes desvantagens apontadas pelo secretário em relação às obras viárias estão ligadas a necessidade de desapropriações para a implantação das estruturas e a aplicação inadequada da verba destinada as obras públicas, que as tornam inviáveis por atenderem apenas à interesses políticos e de uma minoria influente.

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